Estradas
Nídia & Valentina
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Conspiração afroluso-italiana, combinação de uma das maiores percussionistas da actualidade com uma das mais celebradas compositoras e beatmakers, a música que se ouve em “Estradas” está a um passo de criar uma ruptura espacial e temporal. Quem dizia que já foi tudo feito claramente não ouviu este álbum - quem faz o quê? e soa a música de que ano? Retrofuturismo cerrado, as percussões tribais de Magaletti combinam tão bem com a música de Nidia que ficamos sem perceber como é que isto não se sucedeu antes. Pela “No Promises”, samples de uma guitarra levam o tema de volta às raízes, com a percussão electrónica de Nídia a vincar o compasso e com o kit de Magaletti a obrigar-nos a fazer contas de cabeça. Atmosfera arejada, com a cortesia em toques de pós-produção por Tom Halstead, dos Moin (onde Magaletti também toca), eficazmente separando todos os elementos e dando clareza ao poder melódico e composicional de Nidia. “Tutta La Note” é magia musical, ilusionista - se a música começa em halftempo, dando a sensação que o tema final do disco é dos mais lentos na discografia de ambas, a meio o tema acelera, irrompendo num tarraxo irresistível, apenas com as tablas de Magaletti a assegurar que isto não é um disco Príncipe (aqui, os pads oníricos e celestiais de Nídia são irresistíveis, lembrando-nos pelo fim do disco que não será má ideia recomeçar na primeira faixa). Conluio inteligentíssimo de duas das maiores forças criativas a operar em territórios de crueza percussiva e energia primal. Música honesta e bonita.