Passage Du Desir
Johnny Blue Skies
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A passagem do desejo, ou o novo disco de Sturgill Simpson sob o alter ego Johnny Blue Skies. Alegadamente, a mudança de nome deve-se à vontade expressa de reinvenção por parte do cantautor, mas há uma ligeira matemática por trás da decisão: Sturgill Simpson tem 5 LPs originais em nome próprio; especula-se que "Passage Du Desir" é o primeiro de cinco novos registos. Voz ressonante, grave, que canta sobre solidão, gratidão, fé, prazer. Música que deve tanto ao bluegrass americano, como soul (lembramo-nos muito da Blue Eyed Soul), country e blues. Toques de rock sulista a permear todo o disco, quente e lento, como uma brisa que afaga a pele ao fim de um dia tórrido. Há até referências sci-fi, como em “Jupiter’s Faerie”, conferindo ao disco uma qualidade quase transcendente, psicadélica, cósmica, mas de pés bem assentes na terra e com uma musicalidade e composições atípicas nesta música, contando com dois temas que chegam a oito minutos, como é precisamente o caso dessa "Jupiter's Faerie", que pelo seu fim se arrasta vagarosamente, qual deleite musical calmo, relaxante. Um marco para um disco de country, que se afirma na sua contemporaneidade fugindo dos vícios ultranacionalistas ou conservadores que permeavam o género no passado, piscando o olho às referências mais ousadas como Willie Nelson ou Merle Haggard, sendo este último um rosto de liberdade e contemporaneidade na música Country. Sturgill Simpson soube reinventar-se, actualizando concomitantemente uma escola de música que nunca foi muito popular fora dos Estados Unidos mas que hoje ganha uma nova janela para o mundo. Muito na linha de "Metamodern Sounds in Country Music", de 2014, Sturgill Simpson consolida-se como uma voz exemplar da música americana.