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NRSB-11
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Dois titãs do electro de Detroit reuniram forças em 2013 para um longa-duração na editora de culto WéMè. Num disco eminentemente distópico, NRSB-11 conjugam a síntese modular de DJ Stingray com os ritmos maquinais e arpégios futuristas de Gerald Donald, desenvolvendo as lições deixadas por Drexciya num tom mais ligado à música Industrial, ilustrando as ruínas da nossa contemporaneidade. Vozes robotizadas irrompem na introdução do disco, numa cacofonia que ilustra a vidência distópica que permeia todo o disco. Soundscapes nefastas com aura de hipercapitalismo exacerbado (sendo que a própria capa do disco é um código de barras, rotulando tudo e todos como produtos para consumo rápido), a música é directa, funcional, repetitiva, com tom de ameaça e de um anti-humanismo próprio do capitalismo neoliberal. Pads soturnos, o carácter 100% electrónico das melodias, vocalizações e baterias robóticas carregam o desconforto e a hostilidade, em conjugação com os títulos das músicas que nos remetem para passados próximos e futuros prováveis ("Dead Civilization", "Austerity", "Market Forces", "Shadow Corp", "Industrial Espionage", "Offshore Baking "- esta última das mais luminosas do disco). A voz humana de Penélope Martín, em "Living Wage" é dos elementos mais interessantes da música, que por cima de uma atmosfera de vigilância e autoridade, ressoa como um androide, confundido a percepção do ouvinte e levantando questões semelhantes às que encontramos na obra de Philip K. Dick. Disco essencial para qualquer coleccionador de Electro e para os interessados pela história da música, é um dos capítulos da interminável audácia e criatividade de uma das cidades mais interessantes no que à música diz respeito - Detroit.