Cuneiform Tabs
Cuneiform Tabs
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Enganaríamos toda a gente se disséssemos que "Cuneiform Tabs", disco homónimo e de estreia desta banda, tivesse saído no âmago da cultura de cassetes dos 80s, com psicadélia exacerbada e uma fidelidade de som própria dos meios de gravação da altura. Eis que, por difícil que seja acreditar, este é um disco deste ano e gravado há não muito tempo, entre o Reino Unido e a Bay Area da Califórnia, num vai-e-vem entre os dois países. Matt Bleyle e Sterling Mackinnon, cada um no seu respectivo país, inseriam apontamentos num gravador de quatro-pistas da Tascam e enviavam-no de volta para o remetente com as fitas recheadas com novas ideias. Há todo o espectro da música dos 60s aqui referenciada, não muito distante das paráfrases que andam a ser feitas pelo projecto de Cindy Lee (com disco também na W.25th). Guitarras, hooks líricos e melodias naif que fazem lembrar Beat Happening, uma distorção própria nos instrumentos que remonta aos primeiros esforços lo-fi de Dinosaur Jr. e uma aposta em soundscapes psicadélicas, ruidosas, mas ultimamente imersivas que remontam tanto a My Bloody Valentine e todo esse legado Shoegaze como, mais recentemente, aos Women (a antiga banda de Cindy Lee) e à maneira como puxavam os limites de uma pop ruidosa. Ou, como um de nós afirmou intuitivamente aqui na loja, "é como se os Galaxie 500 estivessem a tocar na vossa garagem". Música referencial, é um facto, mas com uma originalidade própria de quem faz isto por amor: honesta, sem grandes pretensões para além da máxima "música pela música", com emoções eficazmente evocadas (particularmente, a da nostalgia) e longe de grandes ambições comerciais, apesar de pop e catchy. Já há muito tempo que não sentíamos uma lufada de ar fresco desta forma - há quanto tempo está a música pop (até a mais independente) nas rédeas das grandes indústrias? Confiem em nós - este é aposta segura. Um dos grandes do ano.