Stupor
KMRU
KMRU, do Quénia, é um nome que pode ter passado despercebido a muitos. O nosso primeiro contacto dera-se com Peel, o disco de 2020, pela Mego, no âmago da pandemia. Na altura, suavizou ansiedades e libertou constrições. Entretanto, já podemos considerar o produtor como dos mais prolíficos dos que deambulam por territórios drone e ambient (sendo que, só este ano, este já é o terceiro lançamento). "Stupor" principia como se lentamente entrássemos num leito aquático natural, que nos convida à contemplação e ao envolvimento na natureza. Drones pacíficos, ricos em sentido harmónico, preenchendo todo o espectro de frequências de forma majestosa, com variações tonais que evocam sentimentos de paz, nostalgia e outras emoções fortes. Não há tristeza aqui: a música é evocada como se de raios de luz se tratassem, oferecendo um porto seguro no tumulto que são os dias de hoje. As subidas e descidas (tanto em volume, como na suspensão das emoções) fazem com que os temas, aqui, tenham uma dinâmica própria e nos prendam a atenção às mudanças que vão ocorrendo - como se de uma paisagem se tratasse. Há momentos de tensão permeada, que rapidamente escalam para novas irradiações de luminosidade - uma espécie de yin-yang em formato sónico. KMRU percebe melhor que muitos o jogo que há entre a luz e a escuridão, esculpindo-a em som de forma naturalista. Bonito disco de e para reflecção. O segundo na nova subeditora da We Jazz, a Other Power Music.