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Mark Ernestus presents Jeri-Jeri
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Onde reside a beleza nesta música? Talvez não se explique, ou antes, explica-se a si própria. A intenção de Mark Ernestus em captar e difundir o que o colectivo chamado Jeri-Jeri produz pode ser sempre vista como a vulgar colonização ocidental de matéria prima vital que o resto do Mundo produz, mas conhecendo minimamente o percurso de Ernestus (Basic Channel, Rhythm & Sound, reedições Wackie’s, Dug Out, etc.) e a sua dedicação ao estudo e abordagem de raízes genuínas, parece-nos um verdadeiro trabalho de amor. Gravou e produziu in loco composições iluminadas de Jeri-Jeri no Senegal, encontro de um grupo de músicos baseados na técnica percussiva mbalax, polirritmos intensos e rápidos que, em formato de canção, servem vozes não menos intensas, em registo emocional catártico, belo como a voz de Mbene Diatta Seck em “Mbeuguel Dafa Nekh” e “Xale”. Baaba Maal canta em “Gawlo”, tributo à tradição africana do contador de histórias. Somos sempre instados a mudar a nossa posição estática, ao escutar esta música propulsiva e simultaneamente melancólica, profundamente celebratória e encantatória. Não se pode ficar de fora a contemplar uma manifestação “exótica”, isto exige uma participação activa.