Cimora
Tomás Tello
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Psicadelismo tem tom de palavra forte e pesada. O seu uso na descrição de uma música pode conduzir ao erro e encaminhar para entendimentos errados. Psicadelismo é também algo que surge por diversas vezes durante as audições de “Cimora”, sem guitarras ou efeitos tripantes ou um universo multicolorido de estados. “Cimora” é psicadélico pelo modo como altera as cores da música de que fala. Tomás Tello, um peruano que encontrou a paz em Tavira, criou uma dança fulminante de géneros, na sua essência psicadélicos, e do seu encaixe existencial noutras zonas geográficas. A própria música dá uma conversa com pano para mangas. Compreenda-se assim: se há cerca de vinte anos se explorava os meandros de uma geração encantada com a velha folk e que fazia uma nova folk com outros meios e ideias, Tomás Tello faz folk sem guitarras, voz; field recordings sem a constante presença do que está lá fora; e electrónica eficaz e cheirosa aos sentidos. Com o ritmo de uma nova década. De um novo mundo, “Cimora” é um álbum sensorial e, daí, o seu psicadelismo. Talvez não se cheire, sinta, prove ou se toque, mas ouvi-lo é uma aventura que causa desnorte e que promove um infindável número de desafios. Música para outros mundos, de uma calma perversa e muito bem-vinda em 2020. Assombroso e redondo nas imperfeições. A paz também pode ser psicadélica, os grilos que Tomás Tello põe o ouvinte a ouvir é dos mais belos sons deste início de ano. O som de que ainda há algo novo a acontecer. Obrigatório.