Half Dead Ganja Music
Vox Populi!
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Há discos que transbordam magia, deixando-nos a adivinhar se se trata de alquimia ou outro tipo de processos obscuros que se desviam das práticas ditas normais de fazer e produzir som. Este grupo de criativos, nomeadamente Axel Kyrou e a parceira Mythra, sabia jogar com os dois lados da moeda, o espelho e o seu reverso, o preto e o branco - um bom exemplo são as duas primeiras faixas de abertura de "Half Dead Ganja Music". Se na primeira "Schmacht" encontramos processamentos de sons abrasivos em fita, com os seus reversos e com uma rendição vocal que quase se pode incluir num disco de Power Electronics, causando terror, na segunda "Gole Mariam", essencialmente com o mesmo tipo de manipulação sonora, temos o reverso da primeira faixa numa deambulação surrealista e prazerosa, manifestando drones espectrais de luz encadeante mas reveladora. Dos discos mais coesos que encontramos na discografia do grupo, há de facto toda uma tonalidade astral, ou espectral, meta-física que permeia todas as faixas - umas mais ligadas à tradição da música concreta (na qual a mãe de Axel fazia parte pela via da GRM), outras mais ligadas à tradição folk no eixo Teerão-Paris erguido pelas raízes musicais do casal, convergindo todo o som da banda naquela que seria a corrente da música Industrial mais preocupada com uma noção global da música, sem fronteiras nem limitações (nomes como Zoviet France - antes da fase digital - ou Nocturnal Emissions por volta do período de Spiritflesh saltam-nos também à cabeça). Se há discos de escuta obrigatória, reveladores de peças essenciais no puzzle da história da música Industrial - e tudo o que até aí fez caminho e daí mais percurso trilhou - este é um deles. Com capa e título que fazem jus ao aqui se ouve. Reedição pela Platform 23 a um preço acessível? Dizemos com força e confiança: é essencial e obrigatório.