Drunk
Thundercat
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Thundercat tem acesso a Kendrick Lamar, Wiz Khalifa e até Michael McDonald e Kenny Loggins. Em que patamar se coloca, então, “Drunk”? Desde logo, a produção e arranjos vocais remetem para um imaginário livre da Costa Oeste, solarengo, sofisticado e com valores pop muito cruzados com jazz. Lembramo-nos, por exemplo, de Steely Dan (exportados de Nova Iorque para a Califórnia) e Matthew Larkin Cassell (S. Francisco). Um tom mais reconhecível de R&B pode ser ouvido em “Jameel’s Space Ride”, mas o álbum não permanece quase nunca numa zona apenas. Dir-se-ia que a base assenta numa abordagem muito livre ao jazz, desmontando várias peças do género para as reconstituir em diversos contextos, espalhadas pelas 23 faixas. Talvez sem o querer, funciona um pouco como tributo a uma era de produção musical empenhada na perfeição harmónica. Thundercat acrescenta o conhecimento e recursos do século XXI para modernizar com consequência a soul branca de que falamos acima e, embora o som não seja tão sintético, o amor genuíno é muito semelhante ao que Dâm-Funk tem demonstrado com as suas incursões pelo boogie clássico (anos 80). Apesar de todos os desvios que possamos seguir, em “Drunk”, sente-se uma grande dedicação ao espírito de miscigenação do hip hop, tanto na descoberta de breaks como no respeito pelas fontes. Muito luxo, nestes grooves.