Big Time
Angel Olsen
"Big Time" tem um grave problema de primeiras impressões: os singles não são assim tão bons. Ou, pelo menos, fora do contexto. Isso não tinha acontecido com os anteriores álbuns de Angel Olsen, onde as primeiras impressões de "My Woman", "All Mirrors" ou "Whole New Mess" eram fortíssimas e agarravam-nos depois para o todo. Os singles de "Big Time" não cativam, porque não permitem que se veja Angel Olsen a voltar a uma ausência de teatralidade na sua música. Por outras palavras, neste álbum parece que volta a estar com os pés na terra, bem perto do real. Não é que nos outros não estivesse - especialmente em "My Woman" - mas havia um desejo de sair daí, nem que fosse para experimentar coisas novas. Vícios da adolescência da carreira. Aqui ouve-se uma recusa desse passado recente, outro vício do processo de amadurecimento: olhar para os cortes como arrependimentos, períodos de trevas, etc. "Big Time" é, portanto, o disco de libertação. Por isso, há uma história a ser contada aqui, que se ouve na consistência permanente das canções e numa certa homogeneização sonora. É curioso que a libertação de Olsen aconteça precisamente no seu álbum menos explosivo, mais homogéneo e de maior renúncia. Não se leia como um corte com o passado - impossível de o fazer - e, sim, da descoberta de voltar à sua música sem máscaras, artifícios, narrativas. Um disco de dias que estão a acabar.