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Tracey Denim

bar italia

Matador

Regular price €11,50

Tax included.

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Oiça qualquer um dos álbuns para trás dos bar italia, “Quarrel” ou “bedhead” (ambos editados na World Music, editora de Dean Blunt, ambos esgotadíssimos / “buy now or cry later”, lembram-se?) e faça o seguinte o exercício: quantas canções é que vão diretas para a playlist dos favoritos? Nós damos a resposta: praticamente todas. O mesmo acontece com “Tracey Denim”, álbum que surge do “nada”, anunciado há pouco tempo quando a banda se mudou para a Matador. Fenómeno? Primeiro, as canções são assim tão boas? São, mas a questão não é tanto essa, a razão de ir para os favoritos não é essa, é a forma como trabalham a nostalgia, como vagueiam em modo powertrio descomprometido com o mundo do indie rock dos últimos 50 anos. Pense-se em Hype Williams e na apropriação de música que se tornou sua (aquilo batia e batia tão bem porque, em parte, vinha de outro sítio e não era um sample, mas uma encenação) e imagine-se isso replicado dez anos depois com a música dos Felt, Modern Lovers, Built To Spill, Radiohead – fase “The Bends -, Mazzy Star, Slowdive, Cat Power, Beat Happening e por aí adiante. O que não faltam são referências, ou pensar nelas. As canções de Nina Cristante, Jezmi Tarik Fehmi e Sam Fenton arrancam por diversas vezes a meio de qualquer coisa, perdendo o início da frase. Os Hype Williams faziam o mesmo. Cria uma abstração da compreensão e liberta-nos do sentido: procuramos outras coisas e vamos em direção a ela: à canção, ao sentido único da banda. Por exemplo, em “Missus Morality” (a canção mais longa do álbum, 4:12) liberta-nos para ir em direção ao falso épico que é trabalhado. Não procuramos nada, mais nada, subimos, subimos, até cair (as canções também acabam assim, sem aviso, sem rede). É provável que se vá ouvir falar muito de bar italia nos próximos tempos, anos talvez. Respondendo à pergunta do fenómeno: sim. Mas isso pouco interessa. Interessa é ouvir muito bar italia. Isto é maravilhoso.