light decline
great area
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Se gostam de ouvir Broadcast, se ainda compram o material não editado dos Broadcast. Então deviam estar a ouvir great area. Ou se alguma vez pensaram porque é que nunca se fez trip hop misturado com uns Stereolab produzidos por Kramer, têm aqui a vossa resposta. Editado na Relaxin de Lolina (não temos informação para confirmar se é ou não Lolina), “light decline” é quase todo produzido a partir de samples manipulados, sendo o baixo o único instrumento tocado. A voz tem zero entusiasmo, como se fosse um fantasma demasiado cansado para assustar. A falta de lustro, o desencanto, é propositado. Honesto ou não, não sabemos, mas há aqui uma brincadeira muito sugestiva em volta das ideias de exótica e da hauntologia, em que essas duas coisas correm nas artérias da música de great area mas a música nunca se associa realmente a elas: aliás, resiste. Fecha a porta, não por aversão, mas por resistência estilística, a falta de entusiasmo é tanta que há zero vontade de pertencer a algo. Pensem em bar italia, mesma escola. É música com diferencial, onde o cinzento não é uma cor, mas uma forma de fechar a música num lugar. Mas o fantasma da máquina dos Broadcast está aqui, sem ser revisitado, mas apaziguado pela sua própria existência. Os ecos que se ouvem na música não são bem ecos, mas um vírus que nos contagia e, a dado momento, faz achar esta música cool, uma alternativa às dimensões da pop actual. Há discos que gostamos de ter sozinhos na prateleira que, por mais que comparemos, não têm mesmo companhia. Pensem em “Silence & Wisdom” de Deux Filles, “Colossal Youth” dos YMG ou o homónimo dos This Heat. Há coisas que só andam por aí. “light decline” é dessa grupo. De um vazio que só entende ouvido. Em repetição, inatacável, inacreditável.