FLUR 2001 > 2024



Skinned

ML Buch

Anyines

Regular price €30,00

Tax included.

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Há a nostalgia e a nostalgia. Há aquela que vos faz lembrar os melhores anos da vossa vida (ou pelo menos acham que sim, os da adolescência) e há bandas rock que fazem vida disso, não necessariamente de recriar “com outra energia” aquilo que já foi feito, mas usar o que já foi feito com a energia de jovens-velhos que têm para agradar gerações de velhos que querem ser jovens: e que, na verdade, só querem é estar num loop de uma suposta felicidade. A palavra-chave aqui é energia e o engodo está todo na energia. Porque a energia é uma palavra fácil de comunicar e que toda a gente entende. E, para lá disso, toda a gente gosta de se sentir com energia, de ter energia para música com energia. Essa música é, na generalidade, pouco interessante. Porque não procura nada, apenas a ideia de um passado individual que nunca existiu: é uma memória construída. Depois há a outra nostalgia, a de músicos que não procuram fórmulas feitas, mas que pegam na ideia de cânones para verificar/confirmar a ideia desses mesmos cânones. Dean Blunt vem à memória, Mica Levi também e, noutros tempos, LCD Soundystem também. Por outras palavras, os primeiros fazem música para uma audiência que já existe, os outros querem criar, formar, procura uma audiência. ML Buch situa-se neste último domínio. “Skinned” só tinha saído digitalmente em 2020, primeiro álbum da compositora por detrás do brilhante “Suntub”. Composto maioritariamente em MIDI, “Skinned” é íntimo, por isso, igualmente solarengo e devastador. ML Buch está à procura de intimidade na sua música e é perceptível que não percebe bem como ou os seus limites. Pisa constantemente territórios estranhos, a pop é experimental porque é expansiva, não procura momentos, constrói-os na ingenuidade que vira algo intrigante quando sentimos o toque de “Skinned”. Dois versos resumem muito bem este álbum “I’m touching screens / More than skin”, uma constatação que é também uma apreensão e que vive num transtorno em todas as canções (e a não resolução, nos versos seguintes “Picking it up again / Tapping, typing”). Em 2020, ML Buch revisitava uma revisitação, o sonho dos sonhos de Oneohtrix Point Never e James Ferraro, mas agora em canções pop que vivem nos ecrãs que tocamos. Que ouvimos, que podem ser tocadas e que são tão físicas que ainda não temos bem uma palavra para as descrever.