Momento Claro
funcionário
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Há álbuns numa carreira que fazem clique pelo primeiro contacto com a ideia primordial, aquela que fica exposta, nua, mostrando como um manifesto do artista/músico. No caso de funcionário, isso aconteceu com “Shichishito” (Turva), a criação de lugares imaginados que misturavam quarto mundo, anime e cenários de JRPGs. O som evoluiu e a ideia autogera-se nos álbuns posteriores, mantendo o princípio do manifesto. Fica a pretensa calma daquela mescla, a fuga para o falso-ambient que oscila entre a memória e a candura dos melhores dias. “Momento Claro” expõe as fraquezas de um músico perante essa exposição, isto é, evoluiu para conseguir apresentar essas texturas despido - e despido de preconceitos -, da obrigação de mostrar, de se provar a si mesmo. Ou seja, é musica de um músico que sabe - agora - que a pode criar fechada num mundo e existir só para si. Pode plantá-la e fazê-la crescer nesse universo, porque ela vai encontrar forma de sair. E sai, seja a abertura abismal de “Esperança” ou os futuros sem fim de “Sol Nascente”, é música de casulo que agora está cá fora e é muito presente para ser ignorada.