Loopworks 2
Koray Kantarcioglu
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Usámos a ideia para descrever o primeiro “Loopworks” em 2018 e ela serve na perfeição para este “Loopworks 2”: enigmas sonoros. O turco Koray Kantarcioglu manipula samples num horizonte próximo do de Caretaker / Leyland Kirby. Ao contrário de Kirby, a coisa não se sustenta primeiramente num suporte teórico, nem precisa de um contexto. Talvez por isso, estes trabalhos de Koray se oiçam como hauntology que não é hauntology. O grande salto do primeiro volume para este é que “Loopworks 2” parece matéria viva. Ouve-se jazz em sítios que não se pensam como jazz, há uma piscina de ambient que existe com a ternura afetiva do bom ambient e cria pontes para diversos lados. Há uma sensação exasperante de shoegaze, de música “dreamy” que se contém no seu próprio fascínio e luminosidade. Noutras palavras, “Loopworks 2” é mágico nunca tentativa activa de o ser: ser levado pela voz de Ekin Fil é um dos melhores acordares que 2022 irá proporcionar. O trabalho de percussão de Berke Can Ozcan é elementar para se sentir este “Loopworks 2” – que vai buscar sons a bandas-sonoras dos 1970s e a discos de jazz e new age turcos dos 1980s – como uma experiência sónica que está sempre a questionar a nossa posição como ouvinte. Somos levados e destruídos por esta beleza, por estes sonhos. Por este som em suspensão, em semi-luz, que nos lembra a ideia de princípio, do início do dia. Estonteante.
