Halo On The Inside
Circuit Des Yeux
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A supervoz de Haley Fohr é conhecida. Há ali algo de natural, imbatível, que nos abala pela circunstância do inesperado e por ser tantas coisas num só momento. Poderia fazer disso só uma coisa, facto é que tem inovado ao longo dos anos, tornando a sua música cada vez mais difícil de classificar. Exemplo: oiça-se "Truth", onde acontece David Bowie, Gang Of Four, Devo e Madonna, sem deixar de ser Circuit Des Yeux ou fugir da linha imprevisível de "Halo On The Inside". Após "Reaching From Indigo", seminal álbum de 2017, Fohr parece que descobriu um novo caminho para a sua música. Tal como tantos artistas músicos da sua geração, que passaram anos a penar, chegaram eventualmente a uma editora indie maior - neste caso a Matador. A grande diferença entre Fohr e s 99% dos outros é que esta não se acalmou, continuou a desafiar-se sem exatamente um rumo: para quê, a sua música parece descobrir esse caminho por si mesma. E toca-nos, por vezes não sabemos bem porquê, gostamos, mesmo que às vezes a fantasia negra seja muito fora de moda - no pior dos sentidos -, embora a moda deixe de importar naquele momento. Sem se saber bem como ou porquê, ela dá a volta, destila uma péssima ideia noutra e noutra e eventualmente a coisa - como um milagre - funciona (oiça-se "Organ Bed"). Continua a agradar-se a si mesma e, à pala disso, a ser uma das músicas mais estimulantes da última década. Não há aqui rotas, nem roteiros, apenas um desenho sistemático de quebrar com princípios através do som. E funciona. Funciona muito bem. Como ela consegue? Ultrapassa-nos. Mas vale cada segundo.
