LXXXVIII
Actress
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Karma & Desire havia sido o disco mais pop de Actress até à data, na maneira como se ramificou para o estilo de certos cantores pop, nomeadamente Sampha, adaptando a sua música como se tratasse de uma camuflagem em interstícios tácteis com vozes humanas, algo inaudito na música do produtor. O novo "LXXXVIII" regressa às origens, tal como havia sido a cassete lançada paralelamente ao disco anterior, "88", sendo que alguns temas dessa mixtape são reaproveitados em "LXXXVIII". Cirúrgico, elevando mais uma vez a fasquia com os dois grandes punctums do disco: "Push Power (a1)" com carga tectónica, sample vocal memorável e a típica conjugação eficaz de groove entre baixo e kick drum, bem como a surpreendente "Typewriter World (c8)", com aura Dub Techno a permear a faixa, vocalizações em tom perverso e uma lição de contenção/libertação com reviravolta a meio, onde a faixa irrompe em disparos, sem atender a uma lógica ou estrutura formais, acabando num fade-out ousado (seguindo o mote de que qualquer repetição perfeita pode e deve acabar em fade-out). Há ainda espaço para desvios downtempo, algo mais atípico em Actress, com perícia no microsampling em "It's Me (g8)". Bom esforço de Actress, que a cada disco continua a mostrar o desenvolvimento e circunspecção de ideias, sem nunca entrar na redundância, numa disposição criativa invejável.