Ege Bamyasi
Can
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“Ege Bamyasi” abre com “Pinch”, uma canção que começa antes de começar. Sente-se aquele fluir de como as gravações dos Can ocorriam, horas de ensaios e um repescar do que achavam essencial dessas sessões. Esta sugestão não era novidade na então – 1972 – discografia dos Can, mas nunca um disco deles tinha começado tão já dentro do espírito de qualquer coisa. Pode parecer capricho, ou até um pensamento de quem ouve o álbum conhecendo o que está para a frente e para trás com o distanciamento histórico, mas é um pormenor que afasta “Ege Bamyasi” imediatamente de “Tago Mago” e que assinala logo ali como os três discos da trilogia (com “Future Days”) com Damo Suzuki são todos diferentes e riquíssimos, sem medo de experimentar, sem estarem presos a formas (algo que dificilmente se encontra nos discos dos Can, mas é mais fácil de situar os que estão antes e depois). “Ege Bamyasi” é um disco que se situa num não lugar, com um som único, a guitarra e os solos de Karoli são límpidos e aéreos como em nenhum outro momento dos Can, os sintetizadores não têm medo de subir e criar lugares que existiriam na pop mainstream dez anos depois. A bateria de Liebezeit é como que uma paisagem flutuante, precisa como sempre, mas com uma cadência absolutamente mágica. Se “Tago Mago” é o afinar máximo do rock dos Can, “Future Days” um futuro maravilhoso que nunca existiu, “Ege Bamyasi” é a pérola pop dos três, o disco cósmico e baleárico com um groove irrepetível.