Flamagra
Flying Lotus
Ainda sem entender a conexão desta capa com a de "Dangerous" (Michael Jackson), estamos a escrever em cima do momento. Flying Lotus existe numa esfera própria de comunhão entre a vanguarda jazz e funk e a pop novo milenar, em que os cruzamentos e direcções pouco recomendadas em tempos idos são agora seguidas com afinco. Com uma lista de participações que inclui Anderson Paak, George Clinton, Little Dragon, Tierra Whack, Denzel Curry, Shabazz Palaces,Thundercat, Toro y Moi e Solange, "Flamagra" ocupa quase todo o espaço disponível numa criação caleidoscópica que transcende géneros. Há uma noção clara de fio temporal, de onde vem a música que importa e quem a fez (bom exemplo em George Clinton) mas também quem a faz. Flying Lotus absorve a roda do tempo e coloca quem quer onde quer - até David Lynch em "Fire Is Coming". Por uns minutos, detemo-nos em "Spontaneous", com Little Dragon, e não parece haver necessidade para outras canções pop na nossa vida. Poucos músicos / artistas / produtores cruzam com tanta segurança e aparente tranquilidade as barreiras entre o que é o que não é acessível ou "popular". Ainda, também, tradição de colagem e turntablism com memórias de Madlib ou DJ Vadim a intrometerem-se na estrutura rítmica de algumas faixas. Passar tempo com "Flamagra" equivale a um enaltecimento cultural como se durante esses momentos fosse introduzido conhecimento directamente no nosso banco de dados cerebral.
