Marcos Valle
Marcos Valle
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Brasil luminoso, solarengo, caloroso. Marcos Valle sempre gostou de passar o verão para a sua música, não transpirasse a capa do disco uma aura desengonçada, quente, mais brilhante que o sol. Depois de uma viagem aos Estados Unidos nos 70s, numa tentativa de fugir à censura do seu próprio país, a cooperação com Leon Ware (colaborador de Marvin Gaye) e bandas como Chicago aproximaram-no à música negra, ao R&B, ao soul e ao funk americanos. O produtor Lincol Olivetti também terá tido mão grande na produção do disco, com a apresentação de uma síntese que se faz ouvir, por exemplo, na bridge harmónica de "Para os Filhos de Abraão" ou nos primeiros segundos de "Naturalmente". Emanando honestidade, alegria, sentimentos positivos e uma inocência própria dos longos e leves dias de verão, "Fogo do Sol" é elemental, diferente do disco-boogie-samba que se vai ouvindo - aquece-nos por dentro com as suaves percussões em congas que dão a base para a guitarra acústica e a voz, lembrando uma - agora impossível - reunião à volta de uma fogueira numa praia (atrás das instrumentações, as ondas batem na costa, evocando evidentemente a paisagem balnear). Numa fusão delicada com a escola da música brasileira, o soul e funk dão as mãos à bossa nova e ao samba, relembrando que o Brasil teve - e continua a ter - muito para ensinar na matéria de fusões de estilos, criando uma identidade que, anos depois, continua a ser revisitada, recuperada e relembrada igualmente por músicos, editoras e DJs. Nesta nova reedição de 2020 pela Vampi Soul, é não deixar escapar a oportunidade de antecipar o calor do Verão.