Ghosteen
Nick Cave and The Bad Seeds
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Com surpresa e sem surpresa. Esqueletos e agora fantasmas. Há algo de comum e incomum na música de Nick Cave na última década. Não vale a pena recontar a história, ou relembrá-la, mas “Ghosteen” avança com um peso que teima em ser pesado. A surpresa é a forma como quer ser luminoso, uma viagem conto-de-fadas que nem escapa na ideia da capa. Nick Cave poderia estar a querer dizer que a realidade é tão dura que mais vale estar numa fantasia, mas o que faz é uma espécie de tentativa de emancipação por outra via. A fantasia, mesmo que seja fantasia, é uma realidade. E mesmo que por vezes se esforce por ser colorida, há algo que a ofusca: seja a cadência dos instrumentos, a sensação constante de um “fade away” ou o simples peso que parece existir. Mesmo com tanto peso, nada se arrasta em “Ghosteen”. É todo um esforço constante, alguém, sons, a tentarem erguer-se do chão. Nick Cave faz com que nada disto seja um esforço para o ouvinte, nem uma catarse, é um conto do real com as cores mais fantasmagóricas da dor. Não sabíamos que, por vezes, elas poderiam ser tão brilhantes e fantásticas. Mas são.