Rupt + Flex 1994-96 Anthology
Seefeel
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Reencontrar os Seefeel na retrospectiva que a Warp agora editou, que não junta a sua discografia completa, mas os anos da Warp/Rephlex durante os 1990s, instala naturalmente um certo desconforto. O que a memória dá desses anos e o que realmente se ouve. Eram uma banda de guitarras, inicialmente associados com o shoegaze (o álbum na Too Pure, “Quique”, de 1993, explica isso), e foram a primeira banda do género a assinar pela Warp. Esta antologia não parece de todo inocente no actual contexto (num ano em que guitarras voltam a surgir na Warp, com os Squid, e mesmo na Ninja Tune, com os Black Country New Road), mas também guitarras aqui merece explicação: os Seefeel procuravam som e não canções. Ao ouvir os álbuns incluídos em “Rupt + Flex” (o álbum de 1995 na Warp, “Succour”, “(Ch-Vox)”, no ano seguinte na Rephlex, e um CD com outtakes de “Succour” – uma maravilha – e outro com os EPs da Warp e material ao vivo), os Seefeel hoje soam mais a filhos do industrial do que uma banda que procurava novas aventuras no rock/pós-rock. Ao longo da antologia está presente uma vontade de experimentar, torna-se difícil encontrar uma narrativa nos álbuns porque a procura do som – tão intrínseca em tudo – é natural aos Seefeel. Sente-se uma constante sensação de abismo (sobretudo em “(Ch-Vox)”) aliada a um confronto com o desconhecido: o “som” é uma condição tão intrínseca que há algo de música anónima nesta antologia. Um desafio para uma sociedade arrumada. Uma antologia que recontextualiza os Seefeel e os traz de volta para o presente. Faziam muita falta.