Yes
Shinichi Atobe
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Desde o primeiro maxi enigmático na Chain Reaction - que alinhou o Japão com a corrente ideológica alemã do Dub Techno - que Shinichi Atobe tem vindo a desenvolver a sua ideia de música de dança, seja ela influenciada pelas formas e feitios de Chicago, Detroit ou Berlim. Na DDS, depois de um silêncio prolongado entre 2001 e 2014, regressara com o surpreendente "Butterfly Effect" e deixou a impressão de que não havia ninguém com música bem como a dele. Em "Yes", essa originalidade é corroborada. "Ocean 7" é um mar de síntese em arpejos cuja repetição não só não incomoda como é bem vinda: os grooves entre subgraves, pianos ecoados e a caixa de ritmos em repetição embalam, quer no clube ou em casa; não há uma obrigatoriedade para os movimentos físicos da dança aqui, porque todos os pormenores delicados das longas peças do disco exigem uma atenção própria. Jogos harmónicos e melódicos detalhados, reforçados pelos efeitos em estúdio que criam a tal "soundscape", a paisagem sonora nova, inaudita, idiossincrática, complexa. Há sempre uma aposta no less is more, apesar da música em "Yes" pouco ter a ver com a escola do techno ou house minimal - antes, os elementos aqui (apesar de, em número, serem reduzidos) são fortes, corpulentos, altos e preenchem completamente o espaço ("Lake 3" conta com loops de congas pujantes, um piano que brilha, stabs encharcados em reverb e uma linha de baixo discreta, sem que se exija algo mais do seu todo). Obrigatório para quem já conhece e respeita o trabalho do japonês, uma recomendação para os que procuram música de dança longe de derivações de ideias que já são mais do que familiares. Shinichi Atobe, aos poucos, vai desmistificando o mistério da sua música e do seu mundo, contando a sua história por capítulos; com alguma sorte, o último encontra-se ainda distante.