AZD
Actress
Actress é dos poucos artistas britânicos da sua geração que gere com paciência os seus lançamentos e que evolui em grande escala de álbum para álbum. O Actress de “Hazyville” é diferente do que encontramos em “AZD”. Sim, passou-se quase uma década desde a sua estreia, mas acompanhar essa década pela carreira de Actress é passar um pouco pela história da música electrónica contemporânea e as ligações tangenciais com a música de dança. Noutros álbuns foi perceptível esse desejo de desligar com a música de dança. Dá a entender, em “AZD”, que já fez toda a desconstrução que queria fazer (pelo menos até ao momento). Aqui refina um processo que explorou anteriormente (principalmente nos dois últimos álbuns), em que revela a sua música como um processo inacabado. São vários os temas que se sentem como se já tivessem a meio, a forma com o beat entra e depois tudo evolui – ou, pelo contrário, desevolui, cai, desaparece – está próxima da modelação de um esqueleto. Só que a forma como esse processo, e ideias, são desenvolvidos ao longo de “AZD” mostram uma maturidade que está a milhas de outros esse campo, que ao longo dos últimos dois anos tem voltado a ser uma tendência. É como, e isto não é novidade nos álbuns de Actress, fornecesse um mapa para um labirinto que o ouvinte tem de percorrer e descobrir o caminho para a saída. E embora isso pareça claustrofóbico, é uma exigência modesta para se fazer a quem ouve. E nisso descobre-se outras peças e juntam-se antigas ao imenso puzzle que é a carreira de Actress.