BBF Hosted by DJ Escrow
Babyfather
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Com Dean Blunt há sempre um recurso ao mistério. O mistério na sua música, e nos seus diversos veículos, é uma forma de identidade e do corpo da própria música se assumir sem prisões ao passado e futuro. E o mais interessante é que aquilo que faz raramente é "inconformado", é Dean Blunt. Esse mistério é algo que lhe permite fazer o que quer, isto é, livremente sem os constrangimentos estúpidos da expectativa ou aquela vontade que um músico tem de ser sempre igual, coerente, em linha, como se agradar aos fãs, ou a quem gosta, fosse uma obrigação. Como se os músicos devessem algo. É um bocadinho contra isso que, involuntariamente, a sua música tem lutado e há sinais disso logo no início, seja pela escolha do nome Hype Williams para o seu projecto com Inga Copeland ou pelos vídeos no YouTube que pouco davam à música, mas aumentavam o nevoeiro em volta de Dean e Inga. E agora há Babyfather, que não é novo projecto, é Dean Blunt e um DJ Escrow que, provavelmente, também é Dean Blunt. É sempre assim. E a história é a mesma de sempre, "BBF Hosted By DJ Escrow" é diferente do anterior "Black Metal" e é um disco mais colado ao Hip Hop e ao R&B como alguns discos dos Hype Williams eram. Só que agora o som tem mais definição, não há nevoeiro ou fumo de ganza a disfarçar qualquer coisa. É um ponto alto no processo de criação de Dean Blunt (e é incrível como também se pode ouvir "Black Metal" aqui) e mais uma forma de mostrar como é possível ser contra-corrente no século XXI: a grande novidade é que é mais fácil do que se imagina. E isso, apesar de acessório, é importante na música de Dean Blunt: e ele diz-nos isso, com aqueles cinco minutos de loop de "this makes me proud to be british", um início insuportável num álbum, que é um teste ao ouvinte, uma provocação.