An Empty Bliss Beyond This World
Caretaker, The
History Always Favours The Winners
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Kirby, seja assinando como Leyland ou como Caretaker, é um ginasta do tempo e da memória numa época em que essas duas coisas são trabalhadas quase sempre de forma errada. E o que ele nos pede quando ouvimos os seus discos é uma tarefa quase injusta nos tempos que correm, na forma como nos habituámos a ouvir música: pede tempo para si. Tempo para ser ouvido, para nos exercitarmos no som que produz, e esse é como um abanão para nos livrarmos da apatia em que nos enfiámos. Talvez esta enchente de discos seus (estes dois de que falámos mais os três volumes de “Intrigue & Stuff”) seja uma forma de nos despistar ou um modo de mandar material cá para fora e nos forçar a encontrar a direcção na sua música. Também pode ser tudo aleatório, mas isso é muito pouco romântico (mas igualmente digno de Leyland Kirby). Com “An Empty Bliss Beyond This World” de Caretaker viajamos por belíssimas rotinas do tempo, sons que de alguma forma se enfiaram no nosso imaginário mas que nos habituámos a segregar noutro sítio qualquer. O tratamento, o filtro quase Basinskiano que lhes dá é um vestígio de um outro mundo gravado em memórias que estão a ser queimadas em película.