Sleepwalkers
David Sylvian
Enquanto não recebemos o próximo álbum de David Sylvian – está prometida para início de 2011 uma espécie de revisitação a “Manafon” em parceria com o compositor Dai Fujikura -, o músico inglês recupera uma colecção limitada de canções que ilustram algumas das cumplicidades que tem mantido com músicos bem distintos, em semelhança com o que tinha feito com “Everything And Nothing” há 10 anos. Talvez o mais consistente dos seus affairs recentes seja Nine Horses (com Burnt Friedman e o seu irmão Steve Jansen), e por isso justificam-se os três takes neste disco. Mas a restante lista é impressionante e só falha por não ser enciclopédica – ficaram de fora algumas importantes histórias nesta última década. “Sleepwalkers” começa de modo irrepreensível, com um extra nascido de Manafon brilhantemente animado pela bateria armadilhada de Martin Brandlmayr dos Radian. Joan As Police Woman faz dueto em “Ballad Of A Deadman”, num tema com Steve Jansen; “Angels” é um asfixiante exercício desencantado de spoken word, dedicado à sua filha, com Arve Henriksen, Jan Bang e Erik Honoré; “World Citizen” com Sakamoto simplifica-se com uma versão de Chasm; “Five Lines” avança com muita antecipação aquilo que poderá ser, então, o próximo álbum de Sylvian com Dai Fujikura; “Transit” é domínio trademark de Fennesz; e mais um punhado valente de canções que parecem cada vez mais viver apenas na cabeça de David Sylvian, independentemente das ajudas que tenha. Esta sua capacidade de adaptação e altruísmo musical tem sido, talvez, uma das principais razões da recorrente importância que as canções do ex-Japan continuam a ter. Poderia não interessar muito ouvir uma compilação destas e esperar pelo próximo álbum, mas o que está aqui são 16 temas, quase todos canções, que vendem ideias e bom gosto como não encontramos em mais lado nenhum.