Requiem For Recycled Earth
James Ferraro
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Se calhar é altura… bem, já é há muito tempo. Mas, bom, se calhar agora é mesmo altura de pararmos de olhar para James Ferraro como uma espécie de criador menor da música contemporânea. A ideia de criador menor é simplesmente “status”. Não vem da escola, não cumpre as regras. Edita material incrível em cassete. Não é um tipo de fato, as impurezas da sua história colocam-no em frequências diferentes de outros da sua geração (como Daniel Lopatin). E, talvez por isso, não vejamos o seu nome em bandas-sonoras. Por isso ou porque talvez não queira. O factor marginal de Ferraro é um factor da sua genialidade, do seu oportunismo e – lá está – da sua “maioridade” no contexto da música contemporânea. Sim, já foi disco do ano da Wire. Mas quantos não acharam absurdo ou infantil a sua reinvenção da música ambiente? Sim, também “imita” Robert Ashley como ninguém, mas será que imita, ou que descobriu no paraíso digital da música uma forma de comunicar os melodramas do presente, seja em ópera, em reflexões artístico-sonoras ou com o fogo-de-artifício do rock em modo descartável. Ferraro é um ponto alto da nossa reflexão contemporânea, mesmo que a sua reflexão seja tão superficial quanto melodramática. Vivemos tempos de melodrama. Invistam nisso e, por consequência, em descobrirem a música de James Ferraro.
