Lourenço Crespo
Lourenço Crespo
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Lourenço Crespo é uma das figuras por trás da editora portuguesa Cafetra, que desde 2008 nos tem presenteado com vários discos originais, de música mais ou menos desviante, sempre pertencente a uma ideia de rock ou de pop que por cá se destacou pela ousadia e pela vontade de fazer de forma diferente. Também integrando o grupo Iguanas, com Leonardo Bindilatti, e depois da estreia com "Nove Canções", de 2016, este disco homónimo de Lourenço é uma espécie de compilação de momentos - pelo tom, crêem-se inteiramente pessoais - que são transcritos para músicas mais ou menos melancólicas mas que se nos agarram à memória. Temas pop com uma panóplia de instrumentos diversificados e que dão diferentes cores às diferentes músicas: guitarra acústica (que ocupa todo o palco em "O teu nome"), groovebox, glockenspiel, sintetizadores, teclados que soam a Rhodes, o saxofone de Pedro Sousa, as harmonias da voz de Sallim e a MPC de B Fachada, que ajudou também na produção e na gravação do disco. Tons mais nostálgicos, tanto nos instrumentos como nas vozes e na poesia que nelas se encontra - principalmente em "Pelo pêlo", "Eras tu de certeza" e "O teu nome" - com outros que contrastam na boa disposição subentendida - "Avalanche", "Vampiro", "A Banda", "Lágrima fácil" - tornam o disco suficientemente diversificado para que cheguemos ao fim com satisfação e com vontade de o repetir. Destaque para "Férias escondido", um tema curto que conta com um delicado e cuidadosamente polido pad em sintetizador que dá a cama para que sobre ele se desenvolva toda a música, certeira. Produção menos lo-fi - contrariamente ao que a Cafetra nos tem vindo a habituar - mais trabalhada, revelando que a editora não cessa de querer experimentar, pensar e criar de forma diferente, sob constantes mutações e sem medo de arriscar ou de falhar.