Centipede Hz
Animal Collective
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Há cinco anos, “Strawberry Jam” também pareceu um passo em falso durante uns momentos. Verdade, era difícil seguir-se um disco como “Feels”, talvez mais ainda agora seguir-se um como “Merriweather Post Pavillion”. “Centipede Hz” tem essa tarefa árdua e uma responsabilidade acrescida: as canções ao vivo, há cerca de um ano, soavam muito bem. Em disco não soam melhor nem pior, soam diferentes. Há uma falta de intensidade que é compensada por uma quantidade de pormenores e uma clareza no som como nunca houve igual nos Animal Collective (nem mesmo em “Merriweather Post Pavillion”). Não é propriamente uma coisa nova na banda, isso sempre lá esteve e foi sempre condição essencial, mesmo nos tempos de “Here Comes The Indian” e “Sung Tongs” (até antes disso, porque não), mas aqui a atenção que é dada a isso presta-se a objectivos diferentes e quer também outra coisa qualquer do espectador. Já não é aquele objectivo do multicolorido, os Animal Colective parece que agora desenham cidades cada vez mais complexas. Em “Centipede Hz” nenhuma canção tem uma ligação directa com a outra, há uma oferta de possibilidades muito mais vasta do que em álbuns anteriores deles, como se atirassem em muitas direcções à procura do caminho certo (ateste-se, por exemplo, na diferença entre “Today’s Supernatural” e “Rosie Oh”), sem qualquer aleatoriedade mas um rigor – sim, até nisso são rigorosos – que lhes é próprio e que quem os segue há algum tempo com certeza compreenderá. Por isso, “Centipede Hz” é o seu álbum mais difícil e menos acessível, provavelmente porque não tem uma, duas, três canções realmente fortes e distintas do resto que nos façam sair do real. Tem onze que exigem mais concentração e vontade. E a exigência sempre foi uma coisa muito boa.