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Autechre
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“M4 Lema” soa como um arranque, um motor a começar a trabalhar, marca o início do álbum e ao mesmo tempo parece sinalizar uma afinidade antiga de Autechre com a estética industrial (talvez mais explorada, até visualmente, em “Tri Repetae”, de 1995). As incessantes transformações no som de Sean Booth e Rob Brown asseguram uma escuta dinâmica, em que o ouvinte quase se sente envolvido na mecânica da composição. “esc desc” recupera um certo tom de “VLetrsmx” (também de 1995) mas a tendência épica/grandiosa é completamente século 21, em sintonia com a música electrónica pós-quase tudo. É neste século, talvez, que Autechre encontram os seus ouvintes mais naturais, com mais de uma geração já educada e acostumada ao diálogo com máquinas ou, pelo menos, ao som das mesmas e também à aleatoriedade de comportamentos digitais. Placas de ambiente, breaks e soluções de composição, tudo familiar a quem conviveu com Autechre clássico, mas é palpável uma qualidade contemporânea no som que impede o álbum de ser arrumado em qualquer categoria nostálgica. Drama e emoção a todo o momento.
