Set & Setting
Bardo Pond
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Uma das bandas que mais ajudou a esticar os limites do rock - e, nomeadamente, do marasmo que se encontrava (e que ainda se encontra) todo o espectro do stoner/psych desde há uns bons anos - Bardo Pond não deviam ser novidade a ninguém. O vagar característico do stoner ligado à exploração textural e sónica, com drones a sustentarem o peso do efeito de drogas e as excursões de uma guitarra solista na emulação de efeitos lisérgicos. O primeiro "No Hashish, No Change Money, No Sake Sake", ainda de produção rude mas de uma honestidade e espontaneidade comendáveis, tinha definido o mote da banda. Depois do aplaudido "Amanita", alvo também de uma reedição choruda por parte da Matador, chega-nos a reedição de "Set and Setting" cujo título retirado a Timothy Leary evidencia bem as vontades e intenções deste grupo (o "set" e o "setting" sendo dois dos factores mais importantes no consumo regrado de drogas). Ar de improviso colectivo, com a voz ociosa de Isobel Sollenberger a canalizar energia de uma Kim Gordon mais drogada. Leads lisérgicos, onde o fuzz gordo da guitarra soa a uma metamorfose de cera e plasticina, com espectro de cores total, qual liquefacção da percepção do ouvinte pela via dos wahs. Álbum que soa a uma viagem de carro onírica no meio do deserto, com um condutor desregrado, um pouco à moda do que acontece no filme "Delírio em Las Vegas". Pela internet fora discute-se que "Set and Setting " é talvez um dos álbuns mais preguiçosos de Bardo Pond. Não nos importamos com isso - é uma preguiça honesta, cujo vagar revela nuances sónicas que nos eram inauditas até então. Que banda se lembra de introduzir o som do descolamento de um helicóptero para começar um álbum? Que sons são aqueles no final de "Walking Stick Man"? Psicadélia exacerbada, sem pretensões. Eles são os verdadeiros stoners. "Sun and Setting" é o estereótipo de maconheiros preguiçosos num álbum - na prova de que estereótipos não passam disso, estereótipos (preguiça não rima com a "Again"). Brilhante e incompreendido.