Despertar
Blacksea Não Maya
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Carga pesada no novo disco de Blacksea Não Maya. Está tudo no nome: nunca mayam, nunca mayaram. Depois de dois EPs e de um LP (já ouviram “Máquina de Venus”? quase que soa a Coil), 2025 abre com “Despertar”, novo disco onde Kolt assume a maior parte das produções. As primeiras duas distinguem-se do resto do repertório, com excursões downtempo e de aura lisérgica, onde a segunda “Tolobasco” apresenta percussão retirada da lógica do Trap, aplicando-a à gramática do Tarraxo, apostando em harmonias vocais, harpejos angelicais e um subgrave cantante, não distante das tendências do drill inglês. Composições intrigantes que fogem da habitual linearidade em faixas para dança, mantendo sempre um sentido de direcção imprevisível. “Qartel” soa a Electro saído de um universo paralelo onde o estilo começa não em Detroit pela via do hip-hop, mas antes em Portugal pela via do kuduro. “Prala” e “Katraps” soam também a uma versão de techno-kuduro, concomitantemente duro como pedra e suave como cetim (a delicada melodia deste tema assenta que nem uma luva sobre a dureza da percussão). Mais uma prova da habilidade e criatividade do grupo, sempre interessados no empurrar destas lógicas para o futuro, desafiando e propondo novas regras, palavras e vias para chegar a novos destinos. Já ouviram “Balebale”? Depois venham falar connosco. Blacksea Não Maya sempre 100% ímpares.
