Antidawn EP
Burial
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Sabíamos que o próximo trabalho em longa-duração de Burial seria uma surpresa. "Antidawn" recusa-se a apresentar como um álbum e, sim, um conjunto de cinco peças extensas, ligadas por uma ideia estética, que habitam longe das dimensões urbanísticas / futuristas de "Burial" e "Untrue". Uma procura pelo estranho, num tempo e espaço fragmentado, demasiado desconcertante para ser música ambiental e eficazmente calmo para se ouvir na linha mais de dança de Burial. Território já distante do dubstep - e o que se lhe seguiu - de outros tempos, é som à procura de si mesmo. Ouvindo-o, percebe-se, não é um álbum. O que nos ocorre é uma instalação sonora, habitada por fantasmas de sempre de Burial, mas sem um local onde existir. Burial tirou a carne ao que fez, deixou só o esqueleto. Tirou a massa, ficou só um vapor, que se ouve num vai-e-vem entre as ideias de hauntology e o "estranho" desenvolvidas por Mark Fischer. Quinze anos depois de "Untrue", "Antidawn" é a resposta perfeita de Burial para um terceiro capítulo. Um não-álbum, com uma estética que se apresenta ausente, à espera, a construir-se enquanto se olha para um espelho. Não é um teste, ou uma experiência ou algo incompleto. Mas música que não sabe onde habitar. Lembram-se do sentimento que a música de Burial causava em 2006/2007? Eis isso tudo de regresso, renovado para uma nova década, um novo momento, um novo mundo. Bem-vindo de volta.