Stadium
Eli Keszler
No passado Eli Keszler já impressionou com as suas experimentações com jazz, sobretudo com os seus dois álbuns na Pan, “Cold Pin” e “Catching Net”, já se aventurou com Joe McPhee na italo-portuguesa 8mm records, com “Ithaca”. “Stadium” convence pela simulação de algo diferente. Soa a jazz programado com laivos de electrónica impressionista, ao fim de algumas audições fica um álbum simulado de dissimulações, com uma costela “easy” e uma profundidade sónica inatacável. Se há um problema em “Stadium” é ser fácil. Gosta-se de imediato, entra e escorre com facilidade. E, vá, para considerar isto um defeito é preciso ser muito picuinhas. Ou chato. Ou simplesmente querer ser difícil por ser, porque há algo de mágico neste know-how de saber criar ambiente que parece música horizontal, frontal, quando na verdade é algo na diagonal, preciso mas complicado de precisar, abstracto nos lugares entre as suas formas redondas. Miles David vem à memória, num dos seus picos criativos, mas não há Miles aqui. Keszler faz-se rodear de Daniel Lopatin e Laurel Halo para colmatar isso e na busca por qualquer coisa perfeita, redonda, consegue virtualizar a sensualidade de “In A Silent Way” com o quarto mundo de Jon Hassell. “Stadium” é um disco de muitas portas, sempre a abrirem-se, que nunca se fecham, com caminhos para várias dimensões, outros mundos. É um álbum que quer ser nosso amigo, uma pessoa fácil, acessível, razoável à primeira vista, que continua a ser assim à segunda, terceira, quarta, quinta visita. E, por isso, melhor. É amor, é.