Synchro System & Aura
King Sunny Adé and his African Beats
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Em 1983 e 84 foram publicados pela editora Island os álbuns "Synchro System" e "Aura", ambos produzidos por Martin Meissonnier e com um tratamento "ocidentalizado". Sem propriamente tentarmos analisar ou comparar esta fase de King Sunny Adé com a sua produção estritamente nigeriana, concentramo-nos nesta edição que reúne os dois discos e assinala a convivência do músico africano com outros nomes da cena chamada Afro Cósmica em playlists de vários DJs da época (não apenas dessa cena em particular). Faltará aqui "Juju Music", também saído pela Island (1982, também produzido por Martin Meissonnier). Dos três álbuns foram extraídos singles longos e esses foram a principal nutrição nas pistas de dança: "Ma Jaiye Oni", "Synchro System" e "Ase". O maior protagonismo de sintetizador e caixa de ritmos não era novidade em música de origem africana, e essa componente electrónica encontra-se aqui em perfeita simbiose com melodias, ritmos e grooves mais identificados com o estilo africano Juju. Passo geralmente lânguido, a voz integrada na grelha instrumental como mais um tom, guitarra a marcar ritmo e groove, discreta mas fundamental, brisa suave e constante. Em "Synchro System" (álbum), para além de Sunny Adé são creditados mais dezassete músicos, todos com fotografia e identificação na capa do disco. Também em "Aura" os African Beats são um grupo grande. Não se trata apenas de número, porque na realidade a escuta atenta revela ínfimos pormenores, uma rara riqueza tímbrica e melódica que aos ouvidos soa quase automática, perfeitamente instalada e sem esforço. Duas obras maiores de um músico com vasta obra, evidências de uma abordagem progressiva dentro da tradição, numa época em que tais experiências se iam fazendo ("Noir Et Blanc" de Zazou / Bikaye / Cy 1 vem à memória) mas nem sempre, ou quase nunca, tão em sintonia com uma sonoridade africana de raiz.