Disconnect
KRM // KMRU
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O que fazer com música morta? Por morta entenda-se sons em decadência (não só evocar, mas indo de encontro a), ou que exasperam um sentimento de memória por algo que já não está lá (melhor exemplo, a música de Caretaker). A resposta óbvia é refaz-se e adapta-se (mais uma vez, Caretaker). Como quase tudo, há mais do que uma forma de fazer essa inflexão. A primeira colaboração entre Kevin Martin (Bug) e KMRU é um genuíno exemplo de um outro caminho, de um trabalho em várias frentes nessa ideia de reabilitação por via da decadência. Os sons de Kevin Martin são de ruínas, ou ruínas de shoegaze lento (é uma maravilha ouvir este álbum com isto em mente) ou destroços do dubstep, num esforço contínuo de se voltar a erguer e a não conseguir. Fixar o não conseguir, "Disconnect" é um acto contínuo e repetitivo desse movimento, de se levantar e cair, com a voz de KMRU a pontuar as paisagens e a dar-nos coordenadas para aquilo que deveremos sentir. Não é dar as mãos, antes apontar o dedo, ser um guia, para não desfalecermos com a ideia de putrefação da música. Porque, isto é essencial, não é música putrefacta, mas de descoberta, melhor ainda, de raízes.