Muxama
Norberto Lobo
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Alguns percursos não têm de ser lineares. O anterior disco de Norberto Lobo, “Fornalha”, apontava uma direcção bem diferente dos seus anteriores lançamentos: parecia Lobo distante de Lobo, próximo de Arthur Russell. Este “Muxama” dá seguimento à sua vontade de experimentar, mas não dá um seguimento estético a “Fornalha”. Norberto Lobo decidiu compor um conjunto de temas tendo como base um pedal que adquiriu e o que se ouve em “Muxama” é o resultado dessas aventuras. Os seus discos chegaram-nos sempre como pequenos livros, obras que se têm de ouvir do início ao fim para concretizarem a imensidão a que se propõem. “Muxama” não é excepção, contudo é o disco em que, por agora, separar temas, ouvidos sem contexto, pode provocar reacções do género “o que é que se passa aqui?”. Não há um Norberto diferente aqui, há sim um Norberto que num primeiro contacto parece diferente. Ouvindo bem “Muxama”, sentir por inteiro a história que conta ao longo dos seus nove temas, percebe-se que o seu génio está intacto e que o lado mais agreste, ou experimental (se se preferir), deste disco é uma ilusão criada por primeiras impressões. À medida que o primeiro contacto se dilui, “Muxama” desvenda-se como uma obra igualmente rica e, talvez, aquela que está mais despida na discografia de Norberto Lobo: sente-se como nunca o guitarrista a explorar e a definir novos horizontes. Mesmo quando, por vezes, esses horizontes não parecem cenários completos, são vistas bonitas de se ouvir.