Cocon
Ramzi
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Alguns anos volvidos desde as primeiras deambulações em territórios Ramzi, a produtora canadiana com sede algures no seu fantástico mundo imaginário regressa com novo LP pela sua editora, a Fati. Sampling personalizado, tendo em mira sons que parecem ter sido retirados de uma fauna - e flora - imaginárias, uma espécie de piscar de olhos à ideia de Fourth World preconizada por Jon Hassell com uma outra lente, a que é própria da compositora. Pads bonitos, complexos, oníricos, mas desta vez mais duros, são um dos princípios do disco em "Coeur Dodu": com percussão samplada de breaks, há uma troca de beats pelo meio que, em contexto de pista, garantirá seguramente algum descontrolo. Há também algumas boas surpresas: ouve-se Ramzi a trazer jungle à sua selva, já que "Spring Emu" mostra que a produtora sabe usar bem o vocabulário do estilo, fazendo com que harmonize perfeitamente com o seu universo musical, misturando-o até com tablas arábicas. "Malaga Trancehall" é outro bonito exemplo da variedade estilística que a produtora gosta de exibir: pads bonitos, que parecem saídos de uma das composições de Akira Yamaoka, harmonizam e fazem cama por trás dos samples de cítara e das linhas melódicas sintetizadas que compõem o bonito cenário exótico que se vai formando. A música de Ramzi é assim mesmo: natural, global, milenar, de uma vivacidade e de uma imagética que não se encontram em mais lado algum. É, de forma gritante, mais uma prova da consistência - contamos já vários álbuns e são poucos os que aborrecem - de um dos universos musicais mais singulares que por cá passaram nos últimos anos. Bravo.