Jinxed by Being
Shackleton & Six Organs of Admittance
LISTEN:
CLIP1 - CLIP2 - CLIP3 - CLIP4 - CLIP5
Depois da colaboração com a cantora Heather Leigh em "Choose Mortality" no ano passado, Shackleton decidiu continuar essa linhagem de uma pseudo-pop progressiva e psicadélica. O ouvido do produtor para um som regrado e rítmico, à base de mantras, tantras e outras repetições místicas levou-o à colaboração com Ben Chasny neste "Jinxed by Being". Densamente psicadélico, como se mirássemos o fundo um poço sem fim, nota-se uma sensação do infinito espacial logo na primeira "The Voice and the Pulse" - pelo meio, a entrada da voz de Chasny quebra a ilusão de estarmos perdidos numa infinitude sideral, ancorando-nos de volta à terra. Percussão típica nos discos de Shackleton, que sampla elementos um pouco por todo o mundo, com pinceladas de síntese que harmonizam com as linhas vocais fantasmagóricas de Chasny, servindo como laivos de luz por entre as fissuras ocultas abertas pelos ruídos dos músicos. Por vezes, a guitarra e a voz de Chasny erguem-se como profetas apocalípticos, pincelando de preto a paisagem do disco - como em "The Grip of the Flesh", com os subtis mas eficazes pads de Shackleton a equilibrarem o jogo entre luz e escuridão. Pelo fim deste tema, com a entrada da batida, a música chega a entrsar em territórios bipartidos entre o trip-hop e a música industrial. Uma dupla cujos esforços em conjunto não foram previstos, mas que resultam num disco surpreendentemente coeso e bem trabalhado. "Jinxed by Being" é um avanço gigante nas possibilidades simbióticas entre música orgânica ou acústica com música electrónica, longe dos maus vícios da Indietronica do início do século.