Butterfly Effect
Shinichi Atobe
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Tivéssemos feito uma lista de 2014 com os nossos melhores do ano, "The Butterfly Effect" teria entrado lá. Na lista de electrónica, sim, num top genérico dos melhores do ano, estaria nos lugares cimeiros. Porque é que só falamos dele agora? Simples, sempre que o recebemos esgotou num ápice. Sempre que chegávamos àquela altura semanal de escrever a Lust já não tínhamos cópias. Recebemos mais esta semana. Shinichi Atobe não é um nome novo, há mais de uma década lançou um 12" incrível na Chain Reaction e desapareceu. Regressou no ano passado à editora dos Demdike Stare e a qualidade manteve-se intacta. O tempo passou, a sensibilidade de construir camadas robustas de géneros (e sensações) em cada tema não. Sim, há uma costela Chain Reaction aqui. Mas também foi amenizada pelos costumes que se criaram na electrónica entretanto. Lembra-nos às vezes "This Bliss" de Pantha Du Prince, mas deixá-lo aí é muito injusto. A comparação surge talvez pela forma imediata com que cruza o techno com outros caminhos e o traduz numa linguagem simples. A repetição, melhor, os padrões que cria na estrutura base das canções são melodias simples e orelhudas. Só que depois o padrão é revestido por pormenores complexos que torna cada audição uma descoberta. E é aqui que "The Butterfly Effect" se distingue de quase toda a competição, há um trabalho meticuloso que é surpreendente de tema para tema, onde o barroco é bem-vindo porque nos abre portas para outras sensações. É um álbum de sons familiares, reconfortantes e, por isso, convida-nos sempre a uma nova audição. Complexo e viciante, foi um mimo para os nossos ouvidos na recta final de 2014. Daqui a umas semanas devemos receber exemplares da edição em vinil, terceiro repress (e não conseguimos nenhuma cópia até agora). Não deixem fugir isto.