Repetition
Unwound
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Os heróis de Olympia que nunca abandonaram a Kill Rock Stars e, por consequência, nunca desapegaram da genuína independência editorial. Verdadeiros como poucos, lendas do DIY, do circuito de touring americano intensivo dos 90s, de toda uma história que foi passando boca-a-boca por quem os via e absorvia a potência sónica dos concertos que davam e, em seguimento, dos álbuns gravados em estúdio. Unwound são das bandas mais importantes no espectro do rock, com toda uma discografia que desaguou no magnum opus “Leaves Turn Indide You”, misturando estilos musicais díspares e esbatendo os limites dentro das possibilidades de música de guitarra. Dois álbuns antes, “Repetition” ainda continuava fortemente ancorado a uma desconstrução de tudo o que era punk ou rock, incorporando sintetizadores, loops electrónicos, uma produção mais dubby (ouçam o tema “Sensible”), feedbacks intensos e licks de guitarra atípicos. Potência palpável, com uma ideia de repetição sensata presente no disco - afinal, quando os grooves estão todos certos, para quê passar para outros sem lhes darmos espaço para crescerem? A bateria de Sara Lund corrobora não só esta ideia e gosto pela repetição, mas também a da espontaneidade musical e acção imediata, sob instinto. Foco na repetição, mas as músicas mudam de direcção depressa como disparos, deixando-nos desamparados e com total atenção entregue à banda, sempre imprevisível e impetuosa, com o baixo (alto na mistura) de Vern Rumsey a segurar todo o ruído tempestuoso que surge pela guitarra e pela voz de Justin Trosper. Uma lição sobre acção sob instinto, “Repetition” é um disco de punk como nenhum outro: pensem numa fusão das guitarras Sonic Youth com o ímpeto rítmico de Fugazi, a rigidez de Big Black e com composições imprevisíveis. Assim são os Unwound. “Repetition” é ao mesmo tempo um espelho das paranóias do Y2K e uma resposta às mesmas. A moção contra a inacção. Inimitáveis.