Sonne = Blackbox
Ursula Bogner
OUVIR / LISTEN:
CLIP1 - CLIP2 - CLIP3 - CLIP4 - CLIP5
A fantasia: Jan Jelinek conheceu casualmente o filho de Ursula Bogner numa viagem à Lituânia, desenrolando a partir daí uma série de conversações que resultam já em dois discos de material escondido da senhora Bogner. Muitas cassetes, fitas e notas foram escutadas, catalogadas e organizadas para o mundo através da editora de Jelinek, a Faitiche. Este segundo volume concentra-se mais em colagens sonoras e experiências com voz, e o que escutamos é uma magnífica incursão em mundos atrás da porta, energias que baixam do Cosmos, passam pelo cridor e chegam a nós mais ou menos intactas. A ficção prossegue, ligando "Ursula Bogner" a um grande interesse por ficção científica e ciências esotéricas, particularmente os estudos de Wilhelm Reich, aliados à alquimia que todo o bom farmacêutico conhece ("trabalhou" muitos anos para a Schering, antes de esta ser incorporada na Bayer). "Sonne = Blackbox" inclui quinze faixas. A abstracção típica da música concreta toma forma, é domada, organizada em sequências e camadas de composição que isolam canções, se quisermos chamar-lhes assim. A música parece suprir uma necessidade de ligação ou, talvez, até mais de interpretação das forças desconhecidas que operam à nossa volta. Nestas gravações a voz formula perguntas, entoa mantras sem palavras, reflecte em forma de cântico suave, enumera detalhes químicos, deixa-se cortar e alterar mas geralmente intervem apenas o necessário para se equiparar aos outros sons, não sobrepor-se a eles, como se a própria presença física de "Ursula Bogner" fosse revelada no meio de corpos estranhos e todos, incluindo ela, trabalhassem com o mesmo objectivo. Notas detalhadas de Andrew Peckler ajudam na reflexão sobre o que a própria editora chamou "post-fake". Mas, mesmo fora do quadro conceptual, escutamos música incrível.