Ao longo do mês de Dezembro destacamos um disco por dia. Novidades 2020, reedições ou, até, edições de anos anteriores. A essência é que seja um disco com significado para nós ao longo dos últimos meses. Num ano atípico para todos, mas também num período de grande mudança para a Flur.
Na capa e na música de “Hotel Nota”, encontrámos uma leveza e uma distração que eram outro mundo, longe da tormenta do que se passava lá fora. Tivemos Jon Hassell em 2020, mas também tivemos Roméo Poirier, uma fotografia – a capa – que nos lança para um quarto mundo. Uma outra realidade, para contemplar, enquanto se esteve preso, indeciso, a viver num mundo microscópico.
"A capa de “Hotel Nota” induz a um momento imaginado, de um corpo deitado nas rochas mas que parece em suspensão, numa praia. Ideia de calma, paz e paraíso. Local sem tormenta, contemplativo. Porta de entrada para um álbum de muitos imaginários, mundos, Roméo Poirier contempla as aspirações da electrónica a ser jazz – e vice-versa – através da simulação. Em jeito de som de quarto mundo, cabem selvas aquáticas, viagens microscópicas e prazeres desconhecidos em “Hotel Nota”. A paciência e leveza da execução, enquadra a música numa espécie de balearico de ficção científica, para uma praia do futuro. Irreal, ainda por existir. Ouve-se o que ainda há por sentir, nestes sons que querem ser tocados. Em versão de Jon Hassell, “Hotel Nota” é um excelente apontamento da infinitude do seu quarto mundo. De sol e cocktail quarto mundista na mão."