Azimuth
Azymuth
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Assim que soam os primeiros segundos de "Linha do Horizonte" adivinha-se algo especial: Azymuth, no álbum de estreia, dão uma versão fresca, inaudita, do poder de um funk sedutor, aliado à escola do bossa nova brasileiro. O quarteto de músicos do Rio de Janeiro apresenta uma panóplia de faixas exóticas, místicas, onde o piano de José Roberto Bertami se enlaça continuamente com o groove da bateria de Ivan Conti e o baixo de Alex Malheiros - evitando sobreposições, preenchem os espaços vazios deixados uns pelos outros. As teclas de Bertami, omnipresentes, são o fio condutor do disco e o punctum da maioria das faixas: pelo relaxante som do piano Rhodes, pela utilização de pads - vias lácteas por onde os instrumentos deslizam - ou por linhas sintéticas tocadas em staccato, carregadas de groove. Uma tranquilidade singular emana das faixas, estruturadas para que os instrumentos respirem com calma, pausadamente, transpondo essa paz interior para o ouvinte - "Brazil" é o ar fresco, a fauna, a flora, o paraíso pessoal dos músicos. A criatividade do grupo é louvável, saltando entre rápidos riffs em teclas e guitarra, mais ligados ao funk, para secções mais samba, percussivas, evidenciando que, em 1975, as fusões estilísticas do grupo estariam muito à frente dos demais (arrisca-se pensar que David Byrne terá ouvido "Melô dos Dois Bicudos" antes de compor os temas de "77"). Ivan Conti, num trabalho de percussão notável - não só na bateria, mas num combo de congas, pratos, cowbell e sinos - é a força rítmica necessária para que o peso dos instrumentos esteja seguro ao longo das viagens semi-improvisadas que se vão fazendo ouvir. Se separarmos Azimuth por partes, destacam-se as habilidades treinadas e certeiras de cada um dos músicos, mas é na soma de todas que se evidencia a beleza, a honestidade e o amor pela música do grupo brasileiro. Estreia absoluta, certeira, uma novidade musical novamente reeditada pela Far Out e obrigatória em qualquer colecção.