Natureza
Joyce With Mauricio Maestro
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Olhando em perspectiva, a forma como a Far Out Recordings tem trabalhado o passado e presente de Joyce tem sido fenomenal. Não era uma ilustre desconhecida, mas falhou o momento dos grandes palcos, de ser um daqueles nomes que ficam na música popular brasileira. Estas recuperações têm servido, também, para perceber como às vezes se passa ao lado da história – aquela que as massas recordam – por nenhuma razão aparente. Simplesmente acontece. “Natureza” poderia ter sido o álbum que levaria Joyce para outro patamar, mas nunca foi editado. Dele há resquícios no álbum de 1980, o belíssimo “Feminina” (que teve edição portuguesa). “Natureza” abre precisamente com “Feminina” numa versão de onze minutos, mais jazz que canção, numa liberdade, disciplina e felicidade que contagiam. Resultado de uma gravações nos estúdios da Columbia, produzido pelo produtor alemão Claus Ogerman e com colaborações de Mauricio Maestro (que co-escreveu quatro das músicas), Nana Vasconcelos e Tutty Moreno, “Natureza” é um daqueles grandes álbuns que falharam o seu momento. Vá-se lá compreender outros o presente de outros presentes. Olhando em perspectiva para a carreira de Joyce, é um estágio que não ocorreu, um vazio na história que agora ajuda a compreender o vazio a seguir a “Nelson Angelo e Joyce” (1972) e o salto que depois se ouve em “Feminina”. Não é só maturidade, Joyce queria claramente levar a sua música para outro lado. Não aconteceu em 1977, mas está a acontecer agora. Voltemos a esse tempo com este “Natureza”, um dos mais belíssimos álbuns dos 1970s que nunca aconteceram. Isto sim, é trabalho editorial.