Motherfuckers
Xhol
A caravana-universo Xhol: antes de profundamente embrenhados na psicadélia e no experimentalismo alemão dos 70s, devotavam, sob o nome "Soul Caravan" toda a gramática musical da Soul e do Funk americanos, pontos de partida que mapearam todo o percurso da banda. Trocando de nome e com uma visão musical mais singular, de Motherfuckers interpretamos, logo a partir de "Radio", uma bonita homenagem à linhagem musical dos instrumentistas que, através do uso interessante e precoce (1972) de sampling, revelam uma admiração pela música negra americana. Com uma emulação de zapping entre várias estações de rádio de Soul e Funk, os tons quentes e convidativos que se ouvem no início do disco contrastam com "Orgelsolo" que, principiando num drone frio, austero, desagua num colorido abrir e fechar de filtros sintéticos e na submersão dos sons em efeitos - trocas de frequências interanalógicas, uma ode maquinal. A indicação de que não é um disco de temas/composições, mas sim de momentos fica definida: "Side 1 First Day", uma jam de flauta, síntese pontilhista, guitarra, baixo e bateria cuja espontaneidade evidencia a experiência do grupo na arte do improviso. De mãos dadas à natureza e aos elementos, "Grille" mostra que, nos 70s, o sampling veio para ficar - o canto dos grilos é o maestro para a flauta de Hansi Fischer, o encantador de mentes. Psicadelismo funky, ousado, musicalmente muito próprio, não fossem as influências das flautas e dos saxofones de Roland Kirk ou Yusef Lateef mais do que evidentes. Ficam todos convidados a viajar na caravana mágica de Xhol.