Souvenirs
Emahoy Tsege Mariam Gebru
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No ano passado, "Jerusalem" criou uma nova audiência para a música de Emahoy Tsege Mariam Gebru. Desde então muita coisa aconteceu, um especial na BBC Radio 4 fez da pianista etíope um microfenómeno. No essencial, o importante aconteceu: pôs as pessoas a ouvir a sua música muito especial. Eis então "Souvenirs", álbum póstumo, (Emahoy faleceu com 99 anos, em Março do ano passado), de gravações entre 1977-1985 registadas no seu quarto. Para quem não sabe, Emahoy treinou-se sozinha ao piano, aprendeu a ser uma pianista clássica, mas os registos que existem mostram uma natureza jazz/blues. Há alma aqui, muita. O que torna "Souvenirs" tão especial é o som. Para lá da voz e dos instrumentais lindíssimos, o tempo e a fita tornaram este som em algo de especial. Parece que estamos sempre a ouvir Emahoy à distância, como se estivesse a tocar aqui ao lado, de janela aberta, e nós estivéssemos a ouvir esse momento de treino - ou não - íntimo. É tocante, acima de tudo é música que nos invade pela discrição, que não nos precisa de convencer porque está tudo lá. Sobretudo, é música benigna e benéfica, faz-nos sentir inteiros. Tem qualquer coisa do qual sentíamos falta e que não sabíamos que existia. Sabem essa sensação? Qualquer que seja a resposta, precisam disto, muito. É o melhor da vida a entrar-nos pelos ouvidos.