Outer Peace
Toro Y Moi
"Outer Peace" rebenta como um genérico de uma qualquer série de televisão. "Fading" explode em cores, uma toada de sentidos e momentos século XXI vêm à cabeça. São referências que caem, que se montam ao longo que os segundos passam. LCD Soundsystem e James Murphy vêm logo à cabeça e não é para menos: há uma referência a isso ao terceiro tema, "Laws Of The Universe". "Outer Peace" monta-se com as várias caras que Toro Y Moi tem vindo a vestir ao longo do tempo, as várias coisas que tentou, as que resultaram, as que falharam, as que ficaram na memória e as que ficarão para sempre esquecidas. O fascínio de – e por este – "Outer Peace" vem daí: trabalho de exposição. Chaz Bear está nu, está vestido, tem várias faces, multiplica-se para corresponder às multitudes da actualidade. Ao invés de fazer uma música disto ou daquilo para caber numa qualquer list de Spotify – como quase todos os artistas do seu estatuto, da sua geração, fazem -, Chaz testa o território, desmarca-se, arrisca. Erra, cai no chão, por vezes estatela-se. Por vezes a sua música é demasiado outra coisa qualquer, cópia ou rascunho. "Outer Peace" é um álbum com a consciência de teste, de uma prova de som, de um ver o que resulta e não resulta. Nesta descrição pode ficar a ideia de retalhos, de um tremendo falhanço, mas a coisa dá a volta. O agrupar das coisas desmonta tudo, ou melhor, monta a ideia certa: "Outer Peace" revela-se como a conjuntura da desconjuntura actual. Belíssima pastilha elástica para 2019. A música pop toda está aqui.