Ghosted II
Oren Ambarchi, Johan Berthling, Andreas Werliin
Há cerca de dois anos, “Ghosted” apanhou-nos de surpresa. Mais do uma espécie de mini-dream team (Oren Ambarchi + 2/3 de Fire!), acontecia uma frescura de ideias nos vários géneros que abordava, fosse jazz, electrónica ou até a linguagem repetitiva única de Oren Ambarchi. Nenhum se sobreponha ao outro, e acontecia com uma dinâmica surpreendente. O capítulo II poderia ser mais do mesmo e ficávamos felizes, como a extensão de um processo que precisaríamos como pão para a boca, mas é uma exploração bastante diferente daquilo a que podemos chamar “fórmula Ghosted”. Ao primeiro segundo de “En”, faixa de abertura, sente-se logo algo diferente, algo nos puxa para uma urgência, para uma dinâmica que pede que sejamos logo-logo arrebatados. Já “Två” estabelece uma espécie de parelesia, uma torrente contínua de ideias que parece estar pousada no mesmo sítio. Embala, obriga a reimaginar o krautrock em 2024: uma ideia, e se tudo tivesse começado por aqui? Em “Ghosted II” tudo parece novo, pronto para o novo e aí suspenso. Se “Ghosted” era a novidade, “Ghosted II” é o caminho para lá do acaso, o da descoberta.